A mensagem entregue na COP27 foi enfática: para combater eficazmente às mudanças climáticas, empresas, indústrias e líderes globais devem elevar significativamente seus esforços.
É encorajador testemunhar o progresso feito pelas organizações na melhoria de seu desempenho e relatórios de sustentabilidade até o momento. Até 2022, mais de 90% das empresas do S&P 500 tomaram medidas para disponibilizar seus relatórios ESG de alguma forma.
No entanto, à medida que a corrida para cumprir as regulamentações de Ambiente, Social e Governança (ESG) se intensifica, surge a pergunta: até que ponto as corporações estão considerando fatores ambientais como parte de suas estratégias de negócios de longo prazo?
Com a atenção do mundo voltada para o estado alarmante da administração planetária e a credibilidade das alegações de sustentabilidade, numerosas organizações, incluindo as de alto perfil, estão enfrentando repercussões legais por fazerem alegações falsas ou não comprovadas de sustentabilidade — um fenômeno comumente conhecido como "greenwashing". Suas repercussões destacam que a necessidade de alcançar um equilíbrio entre sustentabilidade e eficiência nem sempre é uma tarefa direta, mesmo quando certas operações são indispensáveis.
O dilema da sustentabilidade em ambientes de missão crítica
No cenário de negócios atual, as organizações, muitas vezes, enfrentam desafios na transição para práticas mais verdes e limpas devido a preocupações com os custos associados a materiais, recursos e tecnologia.
No entanto, o custo de não priorizar a sustentabilidade supera, em muito, o investimento inicial necessário para adotar práticas de negócios ambientalmente conscientes. É crucial considerar que o aquecimento global pode exceder 1,5°C acima dos níveis pré-industriais até o início da década de 2030.
Enquanto as empresas enfrentam hoje as complexidades do tema, é importante reconhecer que é um impulsionador essencial do crescimento. Planos frequentemente são criticados por serem percebidos como "muito caros", quando, na realidade, o desempenho financeiro e a sustentabilidade estão entrelaçados e são mutuamente benéficos. De acordo com um estudo de Valor Sustentável de 2022 conduzido pela EY, cerca de 69% dos entrevistados relataram que suas iniciativas climáticas excedem suas expectativas financeiras iniciais, gerando um valor maior do que o previsto.
O desafio surge quando as organizações buscam alinhar suas iniciativas de missão crítica com metas de sustentabilidade. Pode ser complexo encontrar o equilíbrio certo entre eficiência operacional, custo-efetividade e responsabilidade ambiental.
No entanto, companhias devem reconhecer que não é apenas um imperativo moral, mas também estratégico de negócios. Não abordar essas questões pode levar a danos na reputação, conformidade regulatória, ineficiências operacionais e oportunidades perdidas de inovação e economia de custos.
Como líderes de negócios podem moldar o DNA de sustentabilidade da empresa
O alicerce de uma transformação sustentável está em examinar os valores fundamentais que sustentam as operações de uma organização. É dever dos líderes de negócios implementar soluções apropriadas que possam reforçar o DNA de sustentabilidade da empresa.
A liderança tem o poder de moldar a cultura, políticas e práticas que definem como a empresa opera. Ao abraçar a sustentabilidade como um princípio orientador, podem abrir caminho para uma transformação que alinha os objetivos de negócios com a responsabilidade ambiental e social. Abaixo, listo como os líderes podem fortalecer a sustentabilidade quando os riscos são altos:
Aprimorar a gestão de recursos centrada na circularidade: as empresas têm oportunidade de aumentar seu valor a longo prazo ao abraçar a sustentabilidade nos níveis estratégico e operacional. Tomar medidas proativas para minimizar os danos ambientais e garantir resiliência a longo prazo é crucial, e uma maneira de fazer isso é adotar práticas de economia circular.
Cenários ambiciosos indicam que uma mudança em nível de sistema para uma economia circular poderia potencialmente reduzir aproximadamente 80% da poluição plástica em sistemas aquáticos e terrestres. Uma estimativa da McKinsey sugere que a construção de uma infraestrutura eficiente de gerenciamento de resíduos poderia custar entre US$ 560 bilhões a US$ 680 bilhões ao longo de um período de dez anos, podendo obter um ótimo valor por meio do modelo de economia circular.
A abordagem da economia circular visa maximizar a usabilidade e o valor de produtos, componentes e materiais, ao mesmo tempo em que minimiza a geração de resíduos, envolve o design de produtos com durabilidade e reciclabilidade em mente, a otimização do uso de recursos ao longo de todo o ciclo de vida e a busca ativa de oportunidades para reutilizar materiais e estender a vida útil do produto.
Aumentando a eficiência por meio da digitalização: abraçar tecnologias digitais com o potencial de descarbonizar indústrias é um fator-chave para as empresas alcançarem suas metas de Net Zero de forma mais rápida. Análises recentes indicam que, se esses casos de uso digital forem ampliados, eles poderiam potencialmente reduzir as emissões em 20% até 2050.
A tecnologia evoluiu para possibilitar a Eletricidade 4.0, facilitando a descarbonização e descentralização das indústrias, ao mesmo tempo em que cria um mundo mais elétrico, digital e sustentável. Ela oferece um controle aprimorado, otimização e análise, revolucionando nossa abordagem à eficiência energética.
Na indústria de Petróleo e Gás, por exemplo, a Edge Computing desempenha um papel significativo na melhoria da sustentabilidade, resiliência e economia de custos. A ferramenta reforça a confiabilidade das redes inteligentes, identificando rapidamente fontes de energia alternativas na rede durante interrupções, garantindo o fornecimento contínuo aos clientes até que o sistema principal de entrega seja reparado e operacional. Abordar as mudanças climáticas exige mais do que uma solução rápida.
Os líderes desempenham um grande papel na fusão ética da sustentabilidade e da tecnologia. Eles podem liderar iniciativas para avaliar e monitorar o impacto ambiental de suas operações, promovendo a sustentabilidade em toda a organização. Por fim, ao fazer isso, eles também aprimoram seu desempenho em ESG (Ambiente, Social e Governança) e entregam eficazmente metas de sustentabilidade exigidas pelos clientes.
*Por Davi Lopes, Diretor de Distribuição e Divisão de Secure Power da Schneider Electric